12 de abril de 2009

Fokker 100, o consolo voador

Hoje a história não foi vista pela janela do ônibus. Foi pela do avião mesmo. Chique, non? E, dessa vez, não teve boyzinha barrando senhores gordos para favorecer suas amigas de braço.

Enfim, na véspera da minha viagem, super animado por deixar a roça em direção à cidade grande; por dar um tempo na pinga, nas vaquin, porquin, carneirin, no Victor e no Léo; por ouvir gente de verdade falando (ou gente falando de verdade), eis que Ela veio falar que a professora estava contando causos acidentais da Ocê E A Nair. Muito interessante Ela compartillhar esse tipo de informação com alguém que, no outro dia, voaria pela Ôxané. Rapidamente, para ter uma idéia da minha probabilidade de morrer no próximo voo (nesse caso, último), fui dar uma googleada sobre tais acidentes. Acabei descobrindo tudo sobre a Oshan.

Primeiro, ninguém morreu, nessa porra. Ou nesse caralho. Os acidentes que rolaram foram por pura imprudência dos pilotos, geralmente bêbados. O whisky que NÃO servem para os passageiros vai todo para a cabine, onde anima as partidas de Resta Um. As aeromoças, perdão - comissárias de bordo - tiram zerinho ou um para ver quem leva o trago para eles, pois a brincadeira preferida deles, além do referido joguinho, são os tapas nas bundas das pobres. Um desses retardados conseguiu, numa aterrisagem suave, estourar os pneus do trem de pouso. Ele reclamou de uma boca de lobo na pista do aeroporto, mas os técnicos da Infraero foram claros em seu relatório: "tá bicado, essa porra".

Os demais acidentes foram meras turbinas que deixaram de funcionar. Passageiros relataram um leve desconforto por viajar num avião angulado em 90º, principalmente na hora das refeições, pois o alimento, ao invés de descer, teve que aprender a seguir em frente. Também foi constatado um aumento significativo na quantidade de urina despejada na tampa da privada.

Os comentários na internet giravam em torno da frota da Ocheaner. Tudo Fokker 100. MK-28, dizem eles. Mas é a mesma merda. Sim, o Fokker 100, aquele que ficou famoso pelo seu péssimo hábito de cair sem motivo aparente e pela alergia ao pantone da TAM contido em seus adesivos. O avião é tão bom que a empresa que o fabricava faliu em 97. Ou seja, se der em merda, não rola nem acionar o Procon. Mas aí dizem que esses Fuckers aí eram da American Airlines, que operaram com eles durante 12 anos sem um único acidente. Até o dia em que todos os Fodem 100 (são aviões de 100 lugares, exatamente), numa sincronia inerente apenas às máquinas, resolveram quebrar ao mesmo tempo, em pontos diferentes do mapa, para demonstrar sua insatisafação com a segurança que passavam aos passageiros até então. Puro orgulho. Daí, a AA mandou todas se foderem e elas acharam a maior graça.

Desempregadas e rebeldes, foram chamadas pela OceanAir e aceitaram mudar de nome por um prato de lentilhas. Apesar de toda a desgraceira, são consideradas uma das aeronaves mais seguras do mundo, com taxa de queda de 0,88 por milhão de voos. Devido a um TOC (são extremamente sentimentais), estão trabalhando para arredondar esse número para 1. A Ocean tem sido uma mãe nesse aspecto, incentivando seus garotos a voos irresponsáveis e fornecendo pilotos de aeromodelismo para tal proeza.

Devido ao mau comportamento dessas aeronaves, elas não tem direito a plataforma própria nos aeroportos, sendo os passageiros obrigados a caminhar 12km até o fundo das pistas para adentra-los. A exceção é a Rodoviária da Pampulha, em Beagá, onde os Fukkers são recebidos como reis, por serem os únicos não guiados por controle remoto.

Após todo esse drama, cheguei à aeronave. Ela lembra um dildo, daqueles para mulheres iniciantes. Roliço, fino, pontudo e pequeno. Confortável, leve e silencioso, permite voos rápidos e consegue até emparelhar com um Stilo numa pista sem ficar muito pra trás. Não há nada demais neles. Nenhum acidente registrou vítimas fatais. Aproveitem e façam seus voos pela Oxean, pois a vida útil de um Focker é de 26 anos e já estão todos na metade! Boa queda.