23 de dezembro de 2010

Ora, greves.

Aeroviários querendo fazer greve às vésperas do Dia dos Presentes. Pensem na lapa de país que temos, onde boa parcela da população resolveu colonizar outras terras que não a sua. Imagine esse povo todo lotando aviões ao mesmo tempo, num fluxo interminável nos aeroportos. Agora imagine esse fluxo parando em algum ponto, simplesmente porque os aviões não saem do lugar. "Mas o que houve", perguntaria o primeiro da fila. Alguém um pouco mais atrás diria "parece que os funcionários tão fazendo greve". Um terceiro personagem da fila, um pouco mais bruto, truculento e ignorante, brada "greve?! Em pleno Natal?! Vamo derrubar essa porra, caralho!". E, puf, aeroporto vira areia. Não, não! Pior: grevistas viram carne moída. Porque, lógico, os culpados disso tudo são eles, que não aceitaram a proposta de aumento das empresas aéreas, alegando que as empresas nadam - perdão, voam - em dinheiro e não repassam as cerejas do bolo pro proletariado. Ora, welcome to the jungle! Descobriram qual é a viagem do capitalismo em pleno século XXI, vulgo "O Pesadelo dos Sindicatos II". Desculpem-nos, aeroviários. O Todo Dia apóia qualquer manifestação grevista como direito de qualquer trabalhador, inclusive nós, vagabundos. Mas há momentos e momentos. Parar o vai-e-vem aéreo em pleno Dia dos Presentes, quando tem tanto candango e paraíba (este que vos escreve incluso) levando um pedaço de pão (mais um saquinho de amendoim ou uma barrinha de cereal. Moleque, só pode pegar um, larga isso!) pra suas famílias na única época do ano possível não parece razoável, exceto pros sindicalistas, pois eles, como os comunistas, não tem coração, já que A Causa, O Estado e A Puta Que O Pariu estão acima de qualquer ser humano.

Ainda bem que Papai Noel freta seu trenó (o dele, não o seu).

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