A Cobra que Virou Termômetro.

Com seus 13m de comprimento e pouco mais de uma tonelada de peso, ela faria suas primas atuais, as jiboias, parecerem magrinhas e curtinhas. A descoberta da Titanoboa, que viveu há cerca de 60 milhões de anos, já é um fato científico marcante por si só. Mas, na esteira desse feito, vem outro, igualmente interessante: Uma discussão acalorada (rá!) sobre o aquecimento (rá!²) global.

O réptil gigante tinha sangue frio. Levando em conta isso e seu tamanho e peso, a cobra precisaria de uma temperatura média entre 30° e 34° na região do seu hábitat, a formação Cerrejón, no nordeste da Colômbia, uma floresta tropical à época.

A Titanoboa cerrejonensis, que comia crocodilos e tartarugas e se tornou o maior vertebrado não marinho depois da extinção dos dinossauros, reforça modelos que defendem que, naquele passado, o planeta estava vivendo um período de aquecimento global, com temperaturas até 10 graus superiores às que são encontradas atualmente nas regiõesde florestas tropicais da terra.

Se o argumento principal da equipe liderada por Jason Head, da Universidade de Toronto, no Canadá, estiver correto (ou seja, a relação entre temperatura do ambiente e tamanho do corpo), então uma inferência é possível: as florestas tropicais existiam em tempraturas bem acima da média de hoje. Isto é, esses hábitats têm uma alta resistência. De quebra, a chamada teoria do termostato (segundo a qual haveria limites à variação de temperatura dos trópicos) sai enfraquecida diante dessas conclusões.

Mas fica a pergunta: Por que as cobras gigantes similares não foram encontradas em outros intervalos temporais em que o mesmo aquecimento assolou a terra? Essa é uma pergunta que ainda está sendo respondida. Retornaremos com a resposta.

Em tempo: Segundo o Guinnes, a cobra mais longa conhecida tinha 10m e a mais pesada, 183 quilos.

Incrível o que se aprende quando se lê, puxa.